quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

LoVe TeArS


lágrimas
de sal e sangue
marejam
as covas fundas
dos olhos pisados
pelo calvário
de um coração
dilacerado
por uma mortal paixão

duas poças escuras
dois lagos simétricos
siameses

onde a alma ferida
se debruça
e tal qual um Narciso
definha enamorada da própria dor...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

good night's kiss




não feche a janela do teu quarto esta noite

quando chegar a hora
da virada da madrugada

me farei anjo noturno
de diáfanas asas

te visitarei
meu amado

para deitar-me ao teu lado
novamente em mulher fatal transformada

saciarei sua sede
sua fome de amor
de carinhos e volúpias

em troca de um único
longo eterno
beijo de boa noite...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

bloody ink


eu vivo
nas horas mortas
das madrugadas

e faço do sangue alheio
a tinta
para rabiscar meus poemas

sorvendo a vida
vou compondo
minhas rimas raras

antiversos
feitos de trás para frente
num flashback contrário

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

au bout de la nuit

doces perfumes se misturam

confundindo-se na escuridão




a noite é sonora, olfativa e tátil


lençóis são jardins

e corpos são flores

de odor úmido e quente


mãos jardineiras

semeiam carícias selvagens

e colhem gritos estrangulados

de amor e de prazer

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

handcrafts

a lua cheia é um bordado pálido
tramado em finíssimos fios
da mais luminosa e argêntea seda

alinhavadas num céu
de veludo azeviche
são as estrelas botões de madrepérola

num corte impecável de alfaiataria
as hábeis mãos do destino
confeccionam a grande capa
que recobre os seres
governantes das noites

moonlight at moon's night


intersecção de almas
conjunção de olhares

convergindo para uma lua
plena de encantos
tantos

na face polida de prata
_espelho noturno_
te fazes imagem
em meu mundo sombrio

e sei que, mesmo irrefletida sombra,
me faço presente
em tuas horas solitárias

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

red sky

encarnadas

§ como teu sangue
aspirado
e desejado §

são

as rosas, que não falam

as papoulas, que não cheiram

* teu sangue rubro
que me atiça
enfeitiça
como a capa provocadora
do toureiro na arena *

este teu sangue
que como um céu subitamente
vermelho
se acendesse em estrelas múltiplas
de cristal negro

- cintilando intensas
na noite da minha alma dividida